quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

[casaiscristaos] Resumo 1688[1 Anexo]

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Tópicos contidos neste resumo:

1. Por dentro do escândalo de abuso sexual católico na Alemanha
De: Wagner Jr.

2. Olhos do Coração
De: Regina Lopes

3. O desafio de pregar CRISTO a uma sociedade viciada em PORNOGRAFIA.
De: renato vargens


Mensagens
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1. Por dentro do escândalo de abuso sexual católico na Alemanha
Enviado por: "Wagner Jr." euacreditosim@gmail.com
Data: Qua, 10 de Fev de 2010 10:25 am

A Igreja Católica alemã foi abalada nos últimos dias por revelações de uma
série de casos de abuso sexual. Perto de 100 padres e membros do corpo laico
foram apontados como suspeitos de abuso nos últimos anos. Após anos de
supressão, o muro de silêncio parece estar ruindo.

Isto é o que parece, o documento de uma conspiração: 24 páginas em latim,
com apêndice, publicadas pela Congregação para a Doutrina da Fé, no
Vaticano. Uma "norma interna", ou conjunto confidencial de diretrizes para
todos os bispos, aos quais foi exigido que o mantivessem em segredo por toda
a eternidade, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

- [image: AFP - 05.out.2005]

Bento XVI fala a bispos e cardeais reunidos na 11º Assembléia Ordinária
do Sínodo, no Vaticano

As diretrizes, emitidas no ano de Nosso Senhor de 1962, tratam de um assunto
delicado: o sexo no confessionário. O Vaticano não colocou de forma tão
direta, preferindo o uso de uma terminologia mais cautelosa para descrever o
que acontece quando um padre desvia um membro de seu rebanho antes, durante
ou depois da confissão –em outras palavras, quando ele induz um penitente a
"assuntos impuros e obscenos" por meio de "palavras, gestos, toques ou
sinais com a cabeça".

Segundo as instruções de Roma, os bispos precisavam lidar firmemente com
cada caso individual –tão firmemente, de fato, que tudo permaneceria dentro
dos limites da Santa Igreja. Afinal, a Congregação para a Doutrina da Fé
–antes conhecida como a Inquisição– tem séculos de experiência na condução
de investigações internas. O Vaticano sempre preencheu todos os cargos
nestas investigações –promotores, defensores, juízes– com membros de suas
próprias fileiras, enquanto os documentos das investigações são mantidos em
arquivos secretos na Cúria Romana.

* *
*

Posição de autoridade moral
*

Na superfície, o objetivo do Vaticano é proteger o sacramento da confissão.
Na realidade, entretanto, ele tenta manter a posição de autoridade moral
superior da Igreja Católica.

Nada pode ser autorizado a manchar essa autoridade: nem o abuso sexual de
crianças e adolescentes, cometido por milhares de padres católicos em todo o
mundo; nem os relacionamentos secretos entre padres e empregadas; nem o
acobertamento de filhos de padres; nem os casos amorosos entre clérigos
gays. Todos eles são casos de dois pesos e duas medidas que surgiram porque
é difícil para as pessoas –até mesmo para os padres– subordinar seus desejos
humanos a uma encíclica papal.

Este código de silêncio foi mantido por décadas, em alguns casos
informalmente e em alguns casos em virtude de diretrizes do Vaticano como as
de 1962.

Mas agora o muro de silêncio está ruindo na Alemanha. Isso começou quando o
Canisius College de Berlim, um colégio jesuíta de elite, revelou
recentemente o passado sórdido de uma série de membros da ordem, que
abusaram de alunos da escola nos anos 70 e 80. Depois disso, novas vítimas
começaram a surgir quase que diariamente. Até a última sexta-feira, pelo
menos 40 delas acusavam três padres jesuítas de terem molestado crianças e
adolescentes, primeiro em Berlim e depois na Saint Ansgar School em
Hamburgo, no Saint Blasien College, na Floresta Negra, e em várias paróquias
da Baixa Saxônia, um Estado no norte da Alemanha.

* *
*

Ponta do Iceberg
*

Por mais chocantes que fossem as revelações, elas eram apenas a "ponta do
iceberg", diz o atual diretor do Canisius College, o padre Klaus Mertes, que
tornou público o abuso sexual contra os estudantes.

Por décadas, os bispos alemães tentaram olhar para o outro lado enquanto
seus padres praticavam abuso sexual, assim como minimizar o problema ao
caracterizá-lo como incidentes isolados. Agora eles estão finalmente
revelando seus próprios números, apesar de que de modo hesitante. Segundo
uma pesquisa da "Spiegel" envolvendo 27 dioceses alemãs na semana passada,
pelo menos 94 padres e membros do corpo laico na Alemanha são suspeitos de
terem abusado de inúmeras crianças e adolescentes desde 1995. Um total de 24
das 27 dioceses responderam às perguntas da "Spiegel".

Um grupo chamado de Mesa Redonda para o Atendimento nos Lares para Crianças
publicou recentemente um relatório provisório que contém conclusões
dramáticas. O relatório trata dos abusos cometidos desde os anos 50 contra
crianças e adolescentes vivendo em orfanatos, quase metade deles dirigidos
pela Igreja Católica.

Segundo o relatório, mais de 150 vítimas de abuso sexual se apresentaram com
suas histórias nos últimos meses. Uma delas é uma mulher que, aos 15 anos,
teve que assistir a um padre se masturbando no confessionário. Quando ela
tentou fugir dele, ela apanhou das freiras que dirigiam o orfanato. Nunca
houve uma investigação sistemática de quantas escolas, orfanatos e reitorias
católicas foram cenas de abuso, mesmo quando havia evidência nos arquivos. O
grupo Mesa Redonda planeja apresentar seu relatório final antes do fim deste
ano.

- [image: AFP]

A Igreja Católica da Alemanha foi abalada nos últimos dias por revelações
de uma série de casos de abuso sexual, arranhando a imagem mais uma vez dos
padres católicos. O próprio papa Bento XVI é alemão e se preocupa com a
repercusão dos escândalos

* *
*

Protegendo os infratores, ignorando as vítimas
*

Um tremor está atualmente ocorrendo na Igreja Católica alemã. Pode vir a ser
o início de um terremoto só visto até o momento na Igreja americana e
irlandesa. Dezenas de milhares de casos de abuso vieram à tona em ambos os
países. A Alemanha poderia ser o próximo país?

O escândalo está apenas começando e já deixou uma impressão profunda: nos
pais, que esperam que as escolas católicas ofereçam uma orientação moral aos
seus filhos; nas vítimas, que agora estão enfrentando seu passado sombrio
após conviverem com ele por metade de suas vidas; e nos fiéis, que agora
veem sua Igreja com desalento. O choque deles vem não apenas do fato de
haver pedófilos na Igreja, como em toda parte na sociedade. Ele vem do fato
da Igreja ter protegido sistematicamente os perpetradores e ignorado as
vítimas, e por ter encoberto os casos de abuso sexual em suas próprias
fileiras por décadas –e ao fazê-lo ter permitido aos padres pedófilos
deixarem um rastro de devastação emocional por toda a Alemanha.

Até hoje, o presidente da Conferência Episcopal alemã, o arcebispo de
Freiburg, Robert Zollitsch, não ofereceu nenhuma palavra convincente de
desculpas ou gestos de empatia para as vítimas dos dois pesos e duas medidas
da Igreja. Após hesitar por dias, ele finalmente decidiu não conceder uma
entrevista à "Spiegel". A Igreja prefere oficialmente não permitir que o
sofrimento de suas vítimas se torne um assunto importante, porque não se
enquadra na visão de mundo hipócrita da Igreja.

A Conferência Episcopal nem mesmo discutirá os escândalos sexuais até 22 de
fevereiro. "As revelações mostram um lado sombrio da Igreja que me assusta",
disse o jesuíta Hans Langendörfer, secretário da Conferência Episcopal. "Nós
queremos uma investigação."

* *
*

Moralidade reprimida
*

Todavia, os clérigos ainda estão longe de qualquer verdadeira autocrítica ou
análise abrangente, porque ela exigiria que examinassem a moralidade sexual
reprimida da Igreja que é ditada do alto. Ela exigiria uma discussão honesta
sobre o celibato e suas consequências, particularmente quando se trata das
práticas de recrutamento da Igreja. Em uma Igreja que tem dificuldade em
atrair homens ao sacerdócio, particularmente em consequência da proibição ao
casamento, o número de bons candidatos se torna tão pequeno que muitos
candidatos impróprios são admitidos.

Isso significa que a Igreja manterá sua política hesitante e disfuncional,
evitando as questões importantes, como já fez com tanta frequência? Será
difícil fazer isso, agora que a ofensiva dos jesuítas colocou todo o clero
sob pressão.

A ordem pretende investigar sistematicamente os abusos ocorridos em suas
próprias fileiras, por mais doloroso que seja o esforço e mesmo se um
crescente número de revelações, por parte de ex-alunos, a mergulhem naquela
que provavelmente seria a crise mais profunda na história dos jesuítas. O
padre Stefan Dartmann, o chefe da ordem jesuíta da Alemanha, diz que "uma
tragédia imensa agora está se tornando aparente".

Seus temores são justificados, à medida que mais e mais ex-alunos se
apresentam. Além do Canisius College e das escolas em Saint Ansgar e Saint
Blasien, agora há revelações de abuso no Aloisius College dos jesuítas no
bairro Bad Godesberg, em Bonn, onde gerações inteiras de filhos de políticos
e diplomatas foram à escola.

'Era difícil para nós suportar os avanços sexuais dos padres'

Um dos estudantes que experimentou pessoalmente o amor fraternal de um padre
jesuíta é Robert K. Falando sobre seu tempo na escola em Bad Godesberg, ele
diz: 'Era difícil para nós, como garotos, suportar os avanços sexuais dos
padres. Eles variavam de perguntas extremamente embaraçosas sobre detalhes
minuciosos de 'atos vergonhosos' durante a confissão, até perguntas sobre
beijos e carícias e, finalmente, a investidas sexuais sadistas concretas".
Um monitor, o padre S., "fazia com que os meninos pequenos fossem ao seu
quarto, fazia com que se despissem da cintura para baixo e deitassem de
bruços em sua cama. O padre então batia violentamente neles com um cabide,
realizando depois demonstrações de afeto."

- [image: Der Spiegel]

Fachada da escola Saint Ansgar, em Hamburgo, é uma das escolas onde os
casos de abuso sexual foram relatados por parte de integrantes da Igreja
Católica alemã

* *
*

Imagem jovial
*

A evidência desses ataques remonta aos anos 50. Alguns padres aparentemente
eram capazes de manter seus impulsos mais ou menos sob controle para não
atraírem atenção, como o padre M., um falecido ex-professor de matemática no
Canisius College, que gostava de assistir as aulas de natação dos meninos da
7ª série. Outros convidavam seus alunos para passeios em suas BMWs. Os
estudantes faziam piadas sobre o fato dos padres envolvidos tentarem
acariciá-los enquanto estavam no carro.

Depois os infratores envolviam a si mesmos e seus alunos em uma teia de
culpa, silêncio desajeitado e uma expiação extorquida. Um deles foi o padre
Peter R., um professor de religião corpulento, com costeletas e óculos
escuros, que é um dos três padres no Canisius College cujas transgressões
agora foram reveladas –e que nega tudo. O padre jesuíta cultivou uma imagem
jovial e tenta passar a ideia de ser alguém que entende os jovens. A placa
do ônibus VW que ele dirigia incluía as letras SJ, de "Societas Jesu".
Posteriormente, os alunos do Canisius passaram a dizer sarcasticamente que
as letras significavam "Seine Jungs" ("Seus meninos").

Por oito anos, a partir de 1973, Peter R., dirigiu uma espécie de centro
para jovens na propriedade do Canisius College conhecido como "Congregação
Mariana". O padre selecionava um grupo de líderes entre os estudantes
matriculados em seu clube vespertino, conhecido como Burg ("Castelo"), que
então eram convidados para participarem de "sessões de treinamento" de fim
de semana em um retiro jesuíta na Baviera.

Fotos tiradas na época mostravam o padre, que insistia que seus estudantes o
chamassem de Peter, cercado por seus queridos alunos. Ele então acompanhava
"seus meninos" em saídas para esquiar e na piscina. Os adolescentes nas
fotos trajam jeans e casacos de tweed. Eles podem ser vistos bebendo cerveja
e vinho direto da garrafa, carregando uns aos outros nas costas e às vezes
correndo sem camisa pela sala. À primeira vista, as imagens parecem não ser
nada mais que fotos inocentes de jovens privilegiados de Berlim Ocidental,
que se viam como parte da última escola livre diante da Rússia e como parte
de um grupo exclusivo.

* *
*

Conversas reservadas
*

Quando ele pensa no trabalho dos jesuítas com os jovens na época, Ansgar
Hocke, que atualmente tem 52 anos, diz que ele era caracterizado por um
espírito de otimismo. Na época, ele lembra, ele e seus amigos acreditavam
que "os tempos de padres em batinas, que gritavam com seus alunos, que eram
profundamente conservadores e que viam o catecismo como seu único guia,
estavam chegando ao fim". Padres jovens, atléticos, estavam injetando nova
vida na escola. "Nós não víamos quão doentes e instáveis eles eram", diz
Hocke.

Os estudantes sentiam que o direito à felicidade sexual deve ser parte da
felicidade humana. "Nós sabíamos que os padres jovens estavam excluídos
dessa felicidade e frequentemente víamos quão impotentes eles eram", diz
Hocke. Ele não teve nenhuma experiência pessoal relacionada aos complexos
deles, mas outros sofreram de formas terríveis.

Os estudantes que pertenciam à roda mais íntima do padre R. eram submetidos
constantemente a "conversas reservadas". As sessões às vezes ocorriam no
porão em Burg, que rapidamente ganhou uma reputação notória entre os
estudantes, que o chamavam de "porão da masturbação" ou "sala de
interrogatório". "Eu tive que tirar minhas calças e deitar na cama", diz um
ex-aluno. "Ele queria assistir enquanto eu me masturbava e me tocava
enquanto eu fazia aquilo". Quando ele terminava, diz o ex-aluno, R.
perguntava: "Você gostou?"

* *
*

Mantendo em segredo
*

Uma mistura de vergonha e medo, ameaças constantes e intimidação, mas também
gestos amistosos por parte do padre e sua imagem de ser amigo dos
estudantes, devem ter levado suas vítimas a manterem seu segredo por anos,
ou tratá-lo como motivo de piada. Geralmente o abuso só terminava quando os
estudantes se tornavam mais velhos e deixavam de ser do agrado do padre R.

"Na época, todos nós ouvíamos essas histórias de masturbação. Mas
costumávamos rir delas", disse Johannes Siebner, um ex-aluno do Canisius
College que agora é um padre jesuíta e atual diretor do Saint Blasien
College.

As cartas que os estudantes escreveram uns aos outros quando tomaram
conhecimento das alegações revelam a perplexidade deles: "Tudo é
completamente novo para mim, apesar de sempre ter tido essa sensação a
respeito (...) A coisa toda foi um choque para mim e tive dificuldade em
processá-la. Isso tudo é tão inacreditável, vil, enojante e ruim (...) E
havia todo um sistema de pressão, do qual não era fácil sair depois de
entrar (...) Mas eu também não entendo a ordem, como pôde ser tão
irresponsável (...) Eu tremo enquanto escrevo isto hoje e sinto medo".

- [image: AP]

Nesta foto de 2002, manifestantes protestam no Vaticano contra o abuso
sexual por parte dos padres em todo o mundo. As revelações alemãs acontecem
após escândalos semelhantes na Irlanda e nos Estados Unidos, que causaram
grande escândalo e repercussão no mundo

* *
*

'Eu perdi minha inocência'
*

O menino que recebeu a carta, uma vítima do padre R.. tem 48 anos hoje e diz
que o abuso "projeta uma sombra" sobre seus tempos de escola. O clima de
"impotência, humilhação e mentiras" ainda tem um impacto sobre ele hoje, ele
diz. "Você se sente você mesmo apenas parte do tempo. Eu ainda não entendo
por que suportei aquilo na época. Eu perdi minha inocência e o alegria da
vida."

Apenas em 1981, quando ele se formou no colégio, é que ele encontrou coragem
para denunciar o abuso ao então diretor, o padre Karl Heinz Fischer. Fischer
relatou as acusações aos seus superiores e o padre R. foi transferido logo
depois. Fischer não sabe o que aconteceu depois disso ao padre. "Eu reagi na
época dentro daquilo que era possível", ele diz.

Protelar a solução do problema ou transferir o transgressor eram as
abordagens preferidas dentro da hierarquia da Igreja e da ordem.

O padre R. e seus companheiros, os padres Bernhard E. e Wolfgang S., foram
transferidos de Berlim para vários locais na Alemanha, trabalhando em
posições subsequentes como professores em Hamburgo e na Floresta Negra, e
como pastores e diretores de grupos para jovens em Hildesheim, Göttingen e
Hanover.

Em nenhum desses lugares os diretores da escola, padres, estudantes e seus
pais foram alertados sobre as tendências perigosas dos novos padres –algo
que não causa surpresa, dada a tendência da Igreja de manter as coisas em
sigilo. Qualquer um que perguntasse o motivo das transferências era
informado, por exemplo, que tinham ocorrido irregularidades financeiras.
Quando isso acontecia, o padre em questão apenas não recebia acesso aos
fundos da escola. O dinheiro podia ser protegido –mas os estudantes não.

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Uma alternativa atraente às escolas públicas para muitos pais
*

Muitos pais na Alemanha há muito consideram as escolas católicas como uma
alternativa atraente ao ensino público de baixa qualidade. Eles esperam
professores dedicados que desafiam e encorajam seus alunos, transmitindo
tanto conhecimento quanto valores para eles. "O estudante deve sentir a todo
tempo que ele, como uma pessoa em desenvolvimento, é importante para o
professor", disse a declaração de missão da Saint Ansgar School, em
Hamburgo.

Mas agora estão começando a aparecer rachaduras nesta imagem cuidadosamente
cultivada –e precisamente no momento em que muitas escolas estão realizando
as matrículas para o próximo ano letivo.

"É um desastre para nós", diz Friedrich Stolze, o diretor da Saint Ansgar,
que veste calça jeans e uma jaqueta esportiva. "Esses padres causaram danos
imensos, tanto aos seus alunos quanto a nós atualmente." Ele sente "raiva e
desprezo" pelos homens envolvidos e diz que está claro que "a reputação das
escolas católicas foi danificada".

Quando Stolze chegou ao colégio em Hamburgo como um jovem professor em 1981,
dois dos padres atualmente acusados de molestamento ainda estavam lá. Ele e
seus colegas deveriam ter notado algo? "Não havia nada", ele diz. "Nós não
nos lembramos de nada." Ele fica furioso com os líderes da ordem na época.
"Eu não consigo entender que alguém deveria ser simplesmente transferido
para outra escola, sob a suposição de que ele seria capaz de controlar suas
tendências pedófilas lá."

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Minimizando o abuso
*

Sempre que rumores surgiam nas escolas católicas, paróquias, grupos de
jovens e orfanatos, ou as vítimas superavam sua vergonha e denunciavam o
abuso, a Igreja minimizava os casos, os caracterizando como isolados,
exceções lamentáveis ou uma conduta imprópria de um padre desgarrado. Esta
era a posição adotada pelo Vaticano e pelos bispos alemães, que não estavam
dispostos a aceitar que o problema podia estar no próprio sistema. Mas o que
acontece quando o número de casos começa a crescer, como aconteceu em outros
países?

Nos Estados Unidos, também começou como um problema de padres individuais
que tinham molestado alunos ou coroinhas. Como seus irmãos alemães, os
bispos católicos americanos tentaram por anos proteger seus padres,
minimizando as acusações e ignorando as vítimas –até que os tribunais
americanos, políticos e o público começaram a exigir respostas, os obrigando
a pagar indenizações. No Estado de Delaware e em outros, por exemplo, os
legisladores suspenderam o prazo de prescrição dos crimes, levando a uma
enxurrada de novos processos. As decisões resultantes forçaram as dioceses a
abrirem seus arquivos.

Mais e mais vítimas se apresentaram e, no final, a Igreja Católica na
América do Norte foi tomada pelo maior escândalo em sua história. Os bispos
americanos concluíram que havia acusações críveis contra cerca de 5 mil
padres, envolvendo o abuso de cerca de 12 mil crianças e adolescentes desde
1950.

Várias dioceses, incluindo Tucson, Arizona e San Diego, Califórnia, tiveram
que pedir concordata quando se viram incapazes de pagar os acordos
financeiros ordenados pela Justiça para as centenas de queixas apresentadas.
Apenas a Arquidiocese de Los Angeles teve que pagar mais de US$ 660 milhões
em danos, o que representou uma parcela substancial dos mais de US$ 2
bilhões pagos pela Igreja Católica americana como um todo.

Uma série de escândalos sexuais também sacudiu a Irlanda, onde uma comissão
concluiu que cerca de 35 mil crianças sofreram agressões e abusos nos lares
para crianças e orfanatos católicos entre 1914 e 2000.

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*

Não apenas incidentes isolados
*

A Igreja alemã, por sua vez, está apenas começando a confrontar seu passado.
Na semana passada, 24 das 27 dioceses da Alemanha responderam ao
levantamento da "Spiegel" sobre casos de suspeita de abuso em suas próprias
fileiras desde 1995. Apenas três dioceses, Limburg, Regensburg e
Dresden-Meissen, optaram por não responder. Um porta-voz da diocese de
Dresden disse que ela não participou porque "não deseja inflamar ainda mais
a atual discussão".

Os resultados do levantamento mostram que as paróquias e entidades da Igreja
por toda a Alemanha enfrentaram casos de abuso sexual cometidos por padres e
outras pessoas ligadas á Igreja. Com pelo menos 94 suspeitos revelados até o
momento em todo o país, a posição oficial da Igreja de que os casos de abuso
são incidentes isolados não mais se sustenta. Os molestadores incluem não
apenas padres, mas também leigos que trabalham para a Igreja, como
sacristãos, diretores de coral, funcionários das caridades da Igreja e
voluntários dos programas para jovens.

Está cada vez mais claro quão difícil é para o Estado punir os culpados. Em
muitos casos, os abusos enfrentam o problema da prescrição do crime. Como no
caso dos ex-alunos do Canisius College em Berlim, as vítimas só se
apresentam 20 ou 30 anos depois. A esta altura, os promotores não contam
mais com a opção de abertura de processo. A única opção deles é rejeitar o
processo ou encerrá-los prontamente.

* *
*

Múltiplos casos
*

A diocese de Rottenburg-Stuttgart, no sudoeste da Alemanha, processou 18
padres e 5 leigos em 23 casos de abuso. Seis casos foram abandonados
imediatamente, porque os cinco clérigos e um leigo envolvidos já tinha
morrido. No final, 11 suspeitos foram investigados e cinco sentenciados.

Dois padres foram associados a abuso na diocese de Magdeburg, mas em seus
casos o crime também prescreveu. Mas um voluntário da Igreja foi julgado por
alegações de molestamento durante uma "semana religiosa para crianças".

Na arquidiocese de Paderborn, um padre foi sentenciado a seis anos e três
meses de prisão, enquanto outro padre recebeu dois anos sob liberdade
condicional. Ambos foram expulsos da Igreja.

Em Munique, foram impetrados três casos de abuso de menores. Um caso foi
rejeitado, um segundo resultou em condenação e o terceiro está em andamento.

Em Colônia, um padre morreu antes que as acusações pudessem ser
esclarecidas, outro foi sentenciado e três casos foram rejeitados. Além
disso, acusações de abuso foram impetradas contra um músico da Igreja em
2001, um organista em 2002, o diretor de um grupo de escoteiros em 2004 e um
sacristão em 2008. Um faxineiro de igreja atualmente está sendo julgado.

Na cidade de Bamberg, na Baviera, várias pessoas acusaram um vigário de
abuso sexual. O homem foi afastado do posto, mas então a investigação do
promotor foi encerrada.

* *
*

Relutância da Igreja em esclarecer os crimes
*

Relatos semelhantes surgiram em cidades como Würzburg, Münster e Aachen,
além de muitas outras dioceses. Alguns poucos levaram a condenações, mas na
maioria dos casos o Estado está impotente devido aos supostos crimes terem
acontecido muitos anos atrás. E o que a Igreja está fazendo a respeito da
situação? Por que reluta tanto em esclarecer os crimes? E por que não adotou
uma posição mais dura em relação aos suspeitos de abuso?

A visão predominante no Vaticano é que a revolta pública em relação aos
casos de abuso é utilizada como uma desculpa para reviver velhas
animosidades em relação à Igreja Católica como um todo, assim como para
alimentar as críticas de costuma ao papa por intelectuais seculares e
desencantados.

Por este motivo, muitos membros da Cúria acreditam ser preferível manter o
silêncio do que dar a esses inimigos da Igreja a chance de atacar, além de
que a prioridade de Roma deve ser esperar o momento propício –não apenas
para superar a tempestade, mas também para evitar ir ao ataque. Determinada
a proteger os seus, eles colocam instintivamente o bem da Igreja acima do
bem das vítimas. A primeira pergunta não é "como podemos ajudar as
vítimas?", mas "o que devemos fazer com os padres?"

Muito tempo –tempo demais, pelo ponto de vista das vítimas– geralmente se
passa antes do próprio papa se manifestar sobre o assunto. Após o tamanho do
escândalo de abusos nos Estados Unidos ficar aparente no início de 2002, foi
necessário cerca de meio ano para que o então papa João Paulo 2º finalmente
fizesse uma declaração no Dia Mundial da Juventude, em Toronto. O papa Bento
16 foi o primeiro papa a se encontrar com as vítimas de abuso –apesar de não
oficialmente, à margem de sua viagem aos Estados Unidos e apenas após uma
prolongada hesitação por parte de seus assessores. "É mais importante ter
bons padres do que muitos padres", ele disse em um comentário um tanto
medíocre. Estava longe de ser um momento de virada.

Até hoje, Bento não enviou a carta pastoral reconfortante que prometeu aos
irlandeses, que ficaram abalados pelo escândalo de décadas de abusos. Além
disso, nenhuma vítima foi convidada ao Vaticano.

'Não se pode dizer que a lei criminal tenha alguma importância prática'

O assunto do abuso cometido por padres não tem lugar no mundo acadêmico e de
oração de Joseph Ratzinger. Para ele, os crimes contra crianças são a
expressão máxima, mais chocante, de uma cultura ateísta, e infelizmente nem
mesmo os clérigos estão imunes a ela. Em seu pronunciamento na quarta-feira
da semana passada, a recomendação de Bento aos seus padres foi simplesmente
seguir o exemplo de São Domingos e se dedicarem plenamente à oração e ao
aprendizado.

E para aqueles que já caíram vítima das "fraquezas" da carne, o papa oferece
a relativa leniência de um procedimento interno da Igreja. Ao lidar com os
transgressores sexuais no clero, o Vaticano depende, pelo menos
inicialmente, apenas de seu aparato, de seus próprios investigadores e de
seus próprios tribunais. Isso é um reflexo de séculos de tradição, que vai
da "santa" Inquisição até a atual Congregação para a Doutrina da Fé, em
Roma. Os procedimentos são nobres, caracterizados por um espírito de perdão
e caridade em relação aos irmãos, geralmente conduzidos em latim e fechados
ao público.

Mas como a Igreja se recusa a admitir a mera possibilidade de crimes dentro
de suas próprias fileiras, sua lei criminal tem tanto peso quanto a fumaça
de incenso no altar. "Não se pode dizer que lei criminal tenha alguma
importância prática", diz Klaus Lüdicke, um especialista em lei da Igreja na
cidade Münster, no noroeste da Alemanha. No passado, ele acrescenta, o
número de casos que se tornaram conhecidos foi "insignificantemente
pequeno".

* *
*

Problema de definição
*

Todavia, a Igreja preferiria usar precisamente esses procedimentos para
disciplinar seus padres "pecadores". Mas ela nem mesmo sabe como definir os
crimes. Uma opção é tratá-los como um "delictum contra mores", ou crime
contra a moral, enquanto outro seria aplicar o Sexto Mandamento ("Não
cometerás adultério"). O problema com a segunda abordagem é que os
perpetradores nunca são casados e suas vítimas raramente são casadas.

As penas –transferência ou excomunhão– ficam bem aquém das penas da lei
criminal secular, enquanto as circunstâncias atenuantes que podem ser
aplicadas para reduzir as penas são generosas. Uma dessas circunstâncias
envolve padres, fora isso celibatários, sendo tomados por uma "tempestade de
paixão" ("gravis passionis aestus").

Além disso, uma disposição à penitência, expressão de remorso e correção dos
modos normalmente aplaca aqueles que julgam. De qualquer forma, os detalhes
sobre as decisões são de difícil obtenção: os veredictos são secretos e
desaparecem, como um "secretum pontificium" em arquivos selados.

A Conferência Episcopal alemã gosta de apontar para um conjunto de
"diretrizes", que ela aprovou em 2002, sobre como responder às suspeitas de
abuso sexual. O secretário Hans Langendörfer as descreve como um "passo
importante". "Nós queremos tratar do assunto abertamente, que é o que temos
feito desde 2002, no mínimo", ele diz.

* *
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Código de sigilo
*

Mas sob uma análise mais atenta, mesmo essas diretrizes são tomadas pela
forma de pensar da Igreja, como afirmado pela Santa Sé em 1962, sob o papa
João 23, e novamente em 2001. Segundo essas diretrizes, que permanecem
atualmente em vigor, casos potenciais de abuso devem ser informados à
Congregação para a Doutrina da Fé. As diretrizes também proíbem os bispos de
todo mundo de agirem além da investigação inicial das acusações sem
instruções diretas de Roma. Todo o procedimento está sujeito ao "sigilo
pontifício", o segundo maior grau de sigilo dentro da Santa Sé. Qualquer um
que violar este código de sigilo sem a permissão papal pode ser punido.

As diretrizes da Conferência Episcopal alemã são elaboradas de acordo e
enfatizam a primazia das investigações internas discretas. Antes de tomar
uma decisão, cada bispo deve primeiro considerar formas de proteger a
reputação do padre e da Igreja. Quando Roma assume a investigação, certos
casos de abuso podem ser tratados discretamente em julgamentos secretos.

Com base em sua própria lei canônica, a Igreja Católica alemã não se sente
obrigada a relatar imediatamente os casos de abuso dentro de suas próprias
fileiras para as autoridades alemãs, para que as autoridades possam conduzir
buscas nas casas, por exemplo. Os críticos dizem que a Igreja está se
expondo a acusações de obstrução da Justiça caso o clero cuide dos casos de
forma puramente interna.

Grupos católicos há muito buscam mudar as diretrizes da Conferência
Episcopal, mas sem sucesso. Bernd Göhrig, o diretor executivo de um grupo
chamado Igreja de Baixo, pede pela criação de ombudsmen independentes para
cuidar dos interesses das vítimas, em vez de representantes tendenciosos da
diocese. Esta provavelmente é a única opção viável, dado que os bispos
alemães são tão relutantes em tratar da questão do sexo proibido quanto o
papa alemão.

* *
*

Sem necessidade de agir
*

Mesmo antes do imenso escândalo de abusos nos Estados Unidos em 2002, o
cardeal Karl Lehmann, o bispo da cidade alemã de Mainz, no sudoeste, e chefe
da Igreja Católica alemã na época, não sentia nenhuma necessidade em
particular de agir. "Nós não temos um problema da mesma dimensão (que na
Igreja americana)", ele disse à "Spiegel" em uma entrevista na época. Em sua
diocese, ele disse, qualquer um que seja "realmente um pedófilo, é removido
imediatamente do serviço pastoral". Essas pessoas, ele disse, "não podem ser
simplesmente transferidas para um local diferente".

Apenas poucas semanas depois, entretanto, Lehmann se viu diante de um novo
caso de abuso dentro de sua própria diocese, em uma paróquia perto de
Darmstadt. Poucos meses antes, os pais em uma pequena cidade próxima de
Frankfurt descobriram, para seu desalento, que o novo diretor do coral
infantil, o padre E., era o mesmo homem que foi forçado a deixar sua
paróquia anterior por causa de relacionamentos questionáveis com menores. O
sistema de Lehmann já tinha transferido o padre várias vezes de um local
para outro.

A Diocese de Aachen, no oeste da Alemanha, também demonstrou pouca
disposição de mudar sua abordagem tradicional em um caso recente. Apesar do
departamento pessoal da diocese ter conhecimento de que o padre Georg K.
tinha convidado coroinhas menores de idade para irem até sua sauna privada,
o homem foi simplesmente transferido para uma congregação alemã no exterior,
na África do Sul.

Mas K. atraiu atenção imediatamente para si mesmo, após assumir um retiro
com crianças que estavam prestes a receber sua primeira comunhão. Os
investigadores acreditam que ele as assediou de forma imprópria no
dormitório. A nova paróquia de K. não foi informada sobre o incidente em sua
paróquia anterior. Foi apenas quando as pessoas envolvidas no caso
contataram a mídia que a Igreja reagiu, anunciando que uma autoridade
especial da Igreja, responsável pelos casos de abuso, estava tratando do
assunto e que as pessoas deviam contatá-la com qualquer informação –que
pudessem ser "inocentadoras", preferencialmente, ou "incriminatórias".

* *
*

As investigações se arrastam sem resultados
*

Enquanto isso, em Berlim, o cardeal Georg Sterzinsky está ciente das
alegações contra o padre da paróquia da Santa Cruz desde julho de 2009.
Apesar de seu caso poder em breve prescrever –as acusações relacionadas aos
incidentes supostamente ocorreram em 2001– uma investigação interna por uma
comissão "independente" da Igreja em Berlim está se arrastando. Uma
investigação, apesar de secreta, também foi iniciada pelo Vaticano. Coube à
vítima denunciar as alegações de abuso à polícia.

Esses casos de abuso, que aconteceram apenas há poucos meses ou anos,
mostram que, apesar de suas alegações do contrário, a Igreja fez pouco para
mudar sua posição. Isso coincide com a percepção de Johannes Heibel, que
trabalha para uma associação alemã que aconselha as vítimas de violência
sexual e que trabalha há muitos anos com pessoas que foram abusadas por
padres. "A abordagem tradicional –mantenha em sigilo, acoberte, transfira o
transgressor– está longe de ser coisa do passado", ele diz.

"Vocês não estão preocupados com as vítimas, mas principalmente em assegurar
que nada apareça na mídia", disse um adolescente vítima de abuso, em uma
acusação voltada ao bispo de Regensburg, Gerhard Müller. Um capelão agarrou
seus genitais em 1999.

* *
*

A Igreja paga pelo silêncio
*

Em vez da investigação do caso e do capelão ser levado à Justiça, o capelão,
agindo por ordem episcopal, pagou à família uma indenização pela dor e
sofrimento, sob a condição de que ficasse em silêncio. Então o homem foi
transferido para outra paróquia, que não foi informada sobre as alegações de
abuso, e onde novos casos de abuso foram denunciados em 2003.

Os incidentes em escolas, que contavam com um total de 220 mil alunos no
início dos anos 60, também permaneceram em grande parte sem solução até
agora. Michael-Peter Schiltsky, que sofreu abuso várias vezes por diáconos
enquanto estava em um lar para crianças da Igreja em Westuffeln, no Estado
de Hesse, no oeste, compilou os relatos de muitas outras vítimas de abuso,
incluindo 40 de orfanatos católicos. Um dos relatos é de Peter Rueth, um
ex-coroinha em um lar para crianças dirigido pelos salvatorianos perto da
cidade de Paderborn, no noroeste:

"Certa manhã, quando ele estava sozinho no vestiário comigo, um padre fechou
a porta para ouvir minha confissão antes da missa. Ele disse: apenas um
espírito puro pode servir a Deus. Eu tive que me sentar em uma cadeira.
Então o padre me vendou com sua estola e amarrou minhas mãos com outra peça,
dizendo que tinha que fazer isso porque supostamente não se deve ver a outra
pessoa durante a confissão. Ele me pediu para falar sobre meus pecados, e
quando confessei, ele me disse que, como punição, eu devia abrir minha boca
para que ele pudesse colocar uma esponja embebida em vinagre, como a esponja
que foi oferecida ao Senhor na cruz."

Após o sexo oral que seu seguiu, o menino foi instruído a recitar o Pai
Nosso três vezes e então lavar sua boca.

Prescrição: um dos maiores problemas para as vítimas

Heinz-Jürgen Overfeld, natural de Berlim, estava no mesmo lar para crianças
dirigido pelos salvatorianos. Há duas semanas, ele escreveu uma carta para o
presidente da Alemanha, Horst Köhler, pedindo que outro padre daquela casa
fosse destituído da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha, porque
o padre também tinha molestado crianças. Overfeld já confrontou o
transgressor, mas a única resposta do padre idoso foi que qualquer coisa que
tenha ocorrido no passado já prescreveu.

"No que me concerne, nada prescreve", escreveu Overfeld para Köhler. "Está
tudo voltando." O presidente ainda não respondeu à carta de Overfeld.

A prescrição é um dos maiores problemas para as vítimas de abuso. A
prescrição para crimes sexuais na Alemanha geralmente é de 10 anos a partir
do 18º aniversário da vítima. Em outras palavras, alguém que sofreu abuso
aos 13 anos deve denunciar o caso às autoridades antes de completar 28 anos,
ou o transgressor permanecerá impune. Indenizações expiram três anos após o
21º aniversário da vítima.

Outra vítima da Igreja, Norbert Denef, já reuniu 7 mil assinaturas como
parte de uma iniciativa para que o prazo de prescrição seja ampliado ou
eliminado, pelo menos na lei civil, para que as vítimas possam ao menos ter
a esperança de serem indenizadas financeiramente. Em um caso anterior sem
precedente, Denef, após uma longa disputa contra uma ordem de proibição de
divulgação, finalmente recebeu 25 mil euros em indenização pela dor e
sofrimento causados pela Diocese de Magdeburg, no leste da Alemanha.

Para a Igreja, um esforço sério para confrontar sua própria moral sexual
deveria ser tão importante quanto tratar das ramificações legais.

"Se você é forçado, por virtude de sua profissão, a viver uma vida sem
esposa e filhos, há um grande risco de que a integração saudável da
sexualidade fracassará, o que pode levar a atos pedófilos, por exemplo",
escreveu o teólogo Hans Küng na "Spiegel", em 2005. "Além da Congregação
para a Doutrina da Fé, faria sentido para Roma estabelecer uma Congregação
para a Doutrina do Amor, que examinaria cada decreto emitido pela Cúria para
assegurar que está de acordo com o conceito cristão de amor."

Seu colega teólogo Eugen Drewermann escreve sobre uma "estrutura de igreja
que é repressiva em áreas emocionais e em questões de amor". Por causa
dessas e outras opiniões semelhantes, o Vaticano revogou a permissão para
ambos os teólogos lecionarem.

O celibato, que só passou a ser exigido a partir de 1139, é visto como o
principal motivo para o acúmulo reprimido de impulsos sexuais, que às vezes
irrompem de formas brutais, dentro do clero. O celibato e a proibição do
casamento são padrões rigorosos que nem todos os membros do clero conseguem
cumprir. Com frequência, a exibição de castidade na Igreja está em atrito
com a realidade. Segundo uma pesquisa americana, dois terços dos padres
cumprem seus votos de castidade, enquanto os demais praticam sexo de todos
os tipos e formas: heterossexual, bissexual, homossexual, monógamo,
promíscuo.

* *
*

2% dos padres são pedófilos
*

Há um amplo acordo de que este clima de sexualidade reprimida promove o
abuso sexual de crianças nas escolas, orfanatos e paróquias. Vários estudos
nos Estados Unidos concluíram que cerca de 2% de todos os padres católicos
são pedófilos.

Quando aplicado à Alemanha, este número sugere que de um total de 20 mil
membros do clero católico, pelo menos 400 poderiam ser potencialmente
pedófilos.

Essa pesquisa levou movimentos leigos como "Nós somos a Igreja" a pedir aos
bispos que promovam uma discussão fundamental sobre a sexualidade. O
movimento cita um problema estrutural, na qual a combinação de uma
moralidade sexual rígida e um sistema autoritário forma uma mistura
perigosa. Mas os bispos se recusam até mesmo a discutir o assunto.

Wunibald Müller também pede pelo fim do celibato e pela ordenação das
mulheres, dizendo que ambos são "uma forma de prevenção". Müller, um teólogo
católico e psicólogo da Abadia Beneditina de Münsterschwarzach, aconselha os
padres que enfrentam sérias crises. Há anos ele defende uma maior abertura
em assuntos de sexo e diz: "A experiência da dor e do sofrimento pode nos
levar a Deus, mas também o erotismo e a paixão sexual".

Müller insiste que os membros do clero devem tratar de sua sexualidade.
"Eles não podem reprimir esta área, caso contrário ela encontrará formas de
vir à tona e causar problemas para outras pessoas."

* *
*

Posturas inibidoras em relação à homossexualidade
*

As posturas do Vaticano em relação à homossexualidade são particularmente
inibidoras, apesar do fato dela ser um tanto disseminada dentro da Igreja e
parecer ser relativamente tolerada, desde que não seja discutida. Como o
Vaticano considera a prática da homossexualidade um pecado, e como até mesmo
passou a exigir testes visando manter os gays longe do sacerdócio nos
últimos anos, muitos gays no clero reprimem seus sentimentos. Müller cita
uma "homossexualidade imatura" que torna os padres "suscetíveis" em suas
interações com jovens.

Os tabus foram suspensos da sexualidade em quase todas as áreas da sociedade
nos últimos anos, facilitando para que as vítimas se apresentem. A Igreja,
entretanto, continua se agarrando aos seus valores morais de séculos.
Segundo Müller, muitos padres que se tornam transgressores sexuais nunca
aprenderam a desenvolver relacionamentos íntimos e estreitos. Alguns, ele
acrescenta, nunca progrediram além dos níveis infantis de sexualidade ou
desenvolveram outros problemas sexuais. Todavia, eles nunca ousariam
confessar esses problemas ou mesmo passar por terapia.

Diante de seus problemas de recrutamento, a Igreja aceita quase qualquer um
que decidir ser um padre. Entretanto, poucos na Igreja estão dispostos a
reconhecer que os novos recrutas cada vez mais incluem jovens que consideram
o sacerdócio atraente em parte por acreditarem que lhes permitirá ocultar
seus problemas sexuais.

É um círculo vicioso. Menos e menos jovens estão optando pelo sacerdócio
–apenas cerca de 100 foram ordenados em 2008– enquanto a maioria esmagadora
dos 20 mil pastores e diáconos na Igreja Católica alemã foi educada em um
ambiente arquiconservador, sexualmente reprimido da Igreja dos anos 50, 60 e
70. Isto é particularmente verdadeiro a respeito de muitos clérigos
veteranos nas dioceses que, em consequência, deixaram os padres jovens
sozinhos com seus problemas por tempo demais.

Especialistas concordam que mudanças radicais nos seminários são
necessárias, e que questões importantes precisam ser tratadas: quão
emocionalmente maduros são os candidatos? Como discussões abertas podem ser
iniciadas com aqueles que podem precisar de ajuda, como eles podem ser
convencidos a aceitar as ofertas de ajuda?

* *
*

Celibato: uma vida desperdiçada sem sentido ou um presente do Espírito
Santo?
*

Mas a Igreja mantém teimosamente o voto do celibato e a proibição do
casamento, como se fossem uma garantia para –e, talvez, não uma ameaça à–
sua existência.

Bispos, como Wilhelm Schraml da Diocese de Passau, na Baviera, glorificam
constantemente "o modo de vida celibatário voluntário", que eles dizem ter
provado ser bem-sucedido por centenas de anos. Em uma carta pastoral
recente, o cardeal de Colônia, Joachim Meisner, até mesmo descreveu o
sacerdócio como "um sinal benéfico de provocação" contra o comportamento
predominante. Em uma sociedade de prazer febril, escreveu Meisner, a vida
celibatária de um padre pode até ser vista "como uma vida desperdiçada sem
sentido", mas na verdade deve ser vista como um presente precioso do
Espírito Santo.

Klaus Beier, um dos especialistas médicos em sexualidade mais proeminentes
da Alemanha, iniciou o Projeto de Prevenção Dunkelfeld, no Hospital da
Universidade Charité, em Berlim, para ajudar pedófilos. Alguns dos homens
que participaram do projeto são religiosos e, para eles, o caminho até seu
instituto foi particularmente difícil. Beier teve acesso a vários padres,
incluindo membros de ordens, às vezes no contexto de julgamentos e às vezes
em resposta a um pedido da Igreja.

"Primeiro eles precisam concluir que a fé deles não os ajudou", diz Beier.
"Quem pode falar abertamente sobre suas inclinações quando até mesmo a
fantasia sexual é considerada um pecado?"

Mas a prevenção é mais importante do que nunca na Igreja, diz Beier, porque
"as ordens têm um apelo particularmente forte para pessoas com preferências
pedófilas".

Beier, que está convencido de que os padres podem ser ajudados, ofereceu seu
apoio ao Vaticano em uma carta ao papa Bento 16, no final de 2008. Sua
experiência clínica, ele escreveu ao Santo Padre, pode ser "de grande
benefício para os membros afetados do clero".

Surpreendentemente, o Vaticano respondeu à carta de Beier. "Em nome da Santa
Sé, eu desejo agradecer por sua preocupação com o bem-estar das crianças e
aos seus esforços para fornecer a assistência apropriada aos afetados",
disse um representante do Secretariado de Estado do Vaticano. Os comentários
de Beier, ele acrescentou, seriam "cuidadosamente considerados e
encaminhados às autoridades apropriadas".

Um ponto de virada? Dificilmente. A carta de Beier provavelmente foi parar
nos arquivos secretos da Cúria, juntamente com os muitos registros dos
procedimentos internos da Igreja.
Tradução: George El Khouri Andolfato

Fdnte: Uol<http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2010/02/09/por-dentro-do-escandalo-de-abuso-sexual-catolico-na-alemanha.jhtm>


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2. Olhos do Coração
Enviado por: "Regina Lopes" regina_braz2003@yahoo.com.br regina_braz2003
Data: Qua, 10 de Fev de 2010 10:26 am


Olhos do Coração


 

Quando pensamos em
coração, logo nos lembramos do órgão muscular oco que se localiza no meio do
peito, sob o osso esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda.  Ele tem o tamanho de seu punho fechado e pesa
cerca de 400 gramas.

Ele precisa receber
suprimento sanguíneo para um tecido orgânico. O sangue através das hemácias é o
responsável por levar o oxigênio às células. Caso este coração sofra uma isquemia
levará a hipóxia.  Quando a isquemia
ocorre numa parte do coração leva ao enfarto ou infarto agudo do miocárdio.

Se a eliminação do
fornecimento de sangue ao tecido muscular cardíaco é completa ocorre privação
do ATP e da fosfocreatina - acumulação de lactato e isso leva a uma ausência de
contração muscular cardíaca o que leva a uma necrose celular dos tecidos isquêmicos.


Geralmente pessoas que
se encontram neste estado sentem dor de caráter opressivo na região pré
cordial. É difícil de ser localizada pelo paciente, pode irradiar-se para o
braço esquerdo, parte lateral esquerda do pescoço, mandíbula, pode ou não ser
aliviada com repouso ou pode progredir com o tempo. Pode ser acompanhada por
sudoração, taquicardia, palpitação, ansiedade, intranqüilidade, sensação de
morte eminente, falta de ar, náuseas, vômitos.

Aconteceu com uma das
irmãs de meu marido neste final de semana passado (7/02/10). Nosso telefone toca na manhã de
domingo informando que ela havia infartado. O que mais nos deixa perplexos é
que com todos os sintomas descritos acima o médico disse que era um problema na
coluna e a mandou de volta para casa.  No
momento em que terminava meu devocional lendo uma advertência de Dee Brestin
sobre o cuidado do corpo - e ela chamava a atenção para uma alimentação
responsável. Logo em seguida, por volta das nove horas da manhã toca o telefone
informando o que havia acontecido com minha cunhada.

Estou contando esta experiência
para pensarmos juntos sobre uma passagem que se encontra em Efésios. Paulo diz:
"Oro também para que os olhos do coração sejam iluminados, a fim de que vocês
conheçam..." (Ef 1.18).

John Stott nos explica que "na
linguagem bíblica, o coração é o completo eu, que consiste da mente bem como da
emoção. Portanto, os olhos do coração são simplesmente nossos "olhos
interiores", que precisam ser abertos ou iluminados antes de podermos
compreender a verdade de Deus."

"Fora da obra do Espírito Santo os
olhos do coração são cegos. Desta forma os homens com esta espécie de cegueira
necessitam de duas coisas: do evangelho e da percepção espiritual". (W. Hendriksen).

Assim como faltou percepção ao
médico que atendeu minha cunhada para perceber que ela estava em perigo, em
nossa vida espiritual podemos viver situação similar.

Quando a dor se tornou insuportável
ela não teve a idéia de ligar para os irmãos ou para a mãe - foi até a sacada
de sua casa e o primeiro que passou na rua ela pediu ajuda.

Ela está em um hospital onde
simplesmente o médico tem uma mesa em frente a sua cama. Existe alguém ali
monitorando todo o tempo. Fora dos cuidados médicos minha cunhada não terá
nenhuma chance.

Pense em sua vida espiritual.
Isaias diz que o povo que estava andando na escuridão iria ver uma grande luz.
Essa luz iria brilhar e iluminar todos os que viviam na região da sombra da
morte. (Is 9.2)

Jesus anuncia: "Eu vim ao mundo
para dar vista àqueles que são cegos no espírito, e para mostrar, àqueles que
pensam que vêem que são cegos" (Jo
9.-39-41).

É interessante ver a reação dos
fariseus: "Os fariseus que estavam ali perguntaram: `Você está dizendo que nós
somos cegos? ´.

Veja a resposta de Jesus: "Se
vocês fossem cegos, não teriam culpa de nada", mas a culpa de vocês permanece
porque vocês pensam que sabem o que estão fazendo".

O pastor Ricardo Barbosa diz que
as nossas orações nascem daquilo nós somos. E por esta razão devemos pedir que
as respostas do Senhor façam de nós o que devemos ser.

Muitas vezes podemos querer agir
como meu filho Guilherme (5
anos) que deseja
ardentemente que eu o alimente apenas com "lanchinhos". Ele tem a capacidade me
dizer: "Tudo bem mamãe, você come comidinha e eu lanchinho".

Não podemos imaginar que iremos
ingerir todo tipo de alimento sem que nosso corpo sofra as conseqüências de
nossas escolhas. Gui sabe que há o dia certo para o lanche, mas mesmo assim
tenta convencer seus pais de que esta regra pode ser quebrado e que não fará mal
algum comermos apenas pizzas, hambúrgueres, batata frita, refrigerante - e se
nós, como pais não o orientarmos da maneira correta teremos um filho mimado.

Muitas vezes nos tornamos adultos,
mas com a alma de uma criança mimada, cheia de vontades. Não é este o caminho.

Paulo entendia que o povo de Éfeso
precisava ser preparado e que seus corações precisavam ser transformados para
entender e aceitar aquilo que Deus estava fazendo. Deus não busca manipuladores
de seus propósitos.

Quando lemos atentamente as cartas
de Paulo e suas orações em cada carta percebemos que sabia das oscilações na fé
que os cristãos estão sujeitos, ele conhecia o perigo - que eu e você corremos -
de perder a motivação no meio da luta cristã.

Nesta terça-feira (9/02/10) observava um grupo de idosas no SESI
de Jacarepaguá. Elas estavam em uma conversa animada enquanto aguardavam seu
horário na piscina e uma reclamava a ausência de uma terceira pessoa e
estimulava a volta dela dizendo que não podia parar de malhar. A paixão daquela
idosa pelos exercícios se esfriou.

Às vezes nossa paixão por Cristo
se esfria e nossos espíritos se tornam apáticos, por isso a oração de Paulo
reflete uma profunda compreensão das necessidades de todos os que lêem essa
carta.

Deus continua a operar seus
milagres de transformação, silenciosamente, fazendo surgir à luz da vida onde
há apenas a escuridão da morte!

Que seus corações sejam inundados
de luz a fim de que vocês compreendam qual seja a esperança da sua vocação, e
quais as riquezas da glória da sua herança nos santos, e qual a suprema
grandeza do Seu poder para conosco, os que cremos, segundo a operação da força
do Seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e
fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, acima de todo principado, e
autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste
século, mas também no vindouro. (Ef
1.18-21).

 

Regina
Lopes

 


 Não pare de estudar. Descanse. Durma. Mas, depois, continue.
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3. O desafio de pregar CRISTO a uma sociedade viciada em PORNOGRAFIA.
Enviado por: "renato vargens" renato.vargens@gmail.com renatogvargens
Data: Qua, 10 de Fev de 2010 10:38 am


O desafio de pregar CRISTO a uma
sociedade viciada em PORNOGRAFIA.


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Pr. Renato Vargens
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